Ciao!!!
William
Shakespeare de vez em quando surge por aqui, sempre invocado por outra leitura.
Por exemplo, as citações que abrem os livros da Família Cavendish,
a paixão pela minissérie Som & Fúria (que ainda não consegui comprar) e, claro, Carter Maguire.
E
como hoje, 23 de abril, é o 450º aniversário do Bardo não podia passar em branco aqui no Literatura de Mulherzinha. Dizem que ele condensou
em suas obras todos os arquétipos possíveis de personagens e plots e a
humanidade em suas criações as torna atemporais. Para isso, escolhi o texto
dele que mais gosto. Este será um post diferente, porque escrevo de memória. Muito
barulho por nada (Much ado about nothing) é um texto datado de 1598/1599, dividido
em 5 atos e 17 cenas, sobre a visita dos companheiros do príncipe Dom Pedro de
Aragão à casa de Leonato, em Messina, após uma batalha que eles saíram
vencedores. A trama gira em torno das consequências de duas intrigas, uma do
“bem” – formada pelo grupo de amigos de Dom Pedro – querendo fazer Benedict de
Pádua e Beatrice, sobrinha de Leonato, superarem as rusgas e se apaixonarem um
pelo outro; e outra do “mal” – articulada pelo irmão bastardo de Dom Pedro, Don
John, que invejoso do sucesso do irmão e de seus companheiros mais próximos
resolve interferir na iminente felicidade de Dom Cláudio de Florença, através
de uma difamação que aproveita o fato de ele ser inseguro e ciumento (um bocó) e
faz com que desconfie da honra da noiva, Hero, filha de Leonato e a humilhe na
cerimônia de casamento. As duas tramas ocorrem em paralelo. Se o trabalho como
cupidos secretos de Benedick e Beatrice une o grupo e os diverte, a desonra de
Hero causará uma divisão que pode trazer consequências drásticas.
Não
sou especialista em Shakespeare. Infelizmente conheço o trivial do trivial. Eu
me lembro de ter pego na biblioteca da universidade um livro que trazia várias
peças dele – claro que preferi as comédias. Mas infelizmente será necessário
reler para acrescentar aqui com a riqueza de detalhes que merece. Para a faculdade,
fiz um trabalho comparando as diferenças de abordagens entre as versões de
“Romeu & Julieta” para o cinema, a clássica de 1968 de Franco Zeffirelli e a modernosa de 1996 de Baz Luhrmann,
com Leonardo di Caprio e Claire Danes; mesmo sendo pública e notória a minha
pouca simpatia aos desfortunados amantes de Verona.
Mas
a minha relação com Muito barulho por nada começou pelo cinema e com o Batman. Sim, estava na locadora, às vésperas
de um carnaval, quando vi o pôster do filme e reconheci o Michael Keaton (que
até então era o Batman dos filmes do Tim Burton, que eu havia adorado).
Por causa dele, prestei atenção e reconheci o Robert Sean Leonard, do Sociedade
dos Poetas Mortos (outro daqueles “filmes obrigatórios”) Keanu Reeves e
Denzel Washington, que é bom fazendo qualquer coisa. Por isso, foi o filme
escolhido para ir pra casa. E deu no que deu: ao fim do carnaval, eu já sabia
trechos de cor, a começar pelo poema declamado por Beatrice no início que se
torna música ao longo da história. Na época, um mundo sem internet, não me dei conta
de coisas importantes como o fato de que quem me apresentou Shakespeare foi um
dos maiores divulgadores, o ator e diretor Kenneth Branagh (que interpreta o
Benedick no filme) e que a Messina das telas nada mais é que uma área da minha
amada Toscana. A minha tietagem pela Emma Thompson começou aqui (e para quem
não sabe, ela fez e faz por Jane Austen o que o Kenneth Branagh, ex-marido, faz
por Shakespeare. Ajudou no roteiro e interpretou Elinor Dashwood em Razão e
Sensibilidade e foi uma das fontes consultadas na versão mais recente de Orgulho
& Preconceito nos cinemas, aquela com Keira Knightely e Matthew
MacFadyen) e precisei de anos para descobrir que Hero foi o primeiro papel de
Kate Beckinsale no cinema.
Em
um texto que escrevi para o Livrólogos,
falei sobre minha admiração pela personagem Beatrice. Os confrontos com
Benedick são repletos de cinismo, sarcasmos, uma disputa para apresentar o
argumento que deixe o outro sem resposta. A peça não deixa claro – o filme diz
que eles nunca se viram, mas há indícios de que eles se encontraram, sim, antes
e que não ficaram boas lembranças. Ela também tem diálogos ótimos com os
parentes e com o príncipe Dom Pedro. E convenhamos, uma personagem feminina com
esta inteligência em pleno Renascimento é de se tirar o chapéu. Ainda mais
porque Beatrice sofrerá com a desonra da prima, por não ser capaz de vingá-la
como gostaria e ter que depender de outros para fazer o que ela gostaria de
executar. Sem contar que a parte da trama dedicada ao plano para fazer Beatrice
e Benedick se apaixonarem é muito divertida. Foi necessária muita perspicácia
para dobrar dois teimosos convictos. E acreditem, fazer os dois darem o braço a
torcer vai levar tempinho, mesmo quando eles se unirem por Hero. Mas é muito
divertido!
Por
isso, fica a dica, usem Muito barulho por nada para conhecerem William
Shakespeare. Minha próxima meta de leitura é Como Gostais? – aham, culpado Carter Maguire – e ainda estou me devendo Noite de Reis (que, parece, foi uma das
principais inspirações para Shakespare apaixonado). E assim, calmamente, vou
melhorar meu conhecimento sobre ele pra quem sabe um dia encarar Hamlet,
MacBeth e Othello com a maturidade que merecem de mim.
Ah,
claro, estou procurando o DVD da peça Othello (eis o áudio) apresentada em Londres em
2008. Tem Ewan McGregor como Yago e Tom Hiddleston como Cássio e eu só descubro
isso com SEIS ANOS de atraso! Ah sim, sei que acabou a temporada, mas se rolar
chance de assistir a Coriolanus, não vou desperdiçar. E se o Tom Hiddleston conseguir o que disse nessa entrevista,
não me restará outra opção a não ser ir atrás dele e pedi-lo em casamento.
Simples assim.
Bacci!!!
Beta
Amo o Bardo, muito, muito!!!!!
ResponderExcluirDifícil dizer qual a minha peça favorita. Creio que cacifaria O Mercador de Veneza. Mas Muito Barulho por Nada cruza a reta final quase empatando, principalmente porque tenho um carinho muito especial pelo filme da década de 90, com toda aquela turma boa! Via vezes sem cessar e toda vez que passa, tô dentro! ;)
Só tenho trauma de uma versão de Macbeth que vi no teatro também nos anos 90. Era uma versão alternativa, chatérrima e, depois de 3 horas de peça, quando percebi que não tinha chegado nem na metade e ainda tive que aturar o José de Abreu peladão (não foi algo bonito de se ver... #trauma!), levantei e fui embora... Logo atrás, veio um monte de gente! Acho que só estavam esperando alguém tomar coragem! kkkkkk
Mas tirando os alternativos destruidores de obras primas à parte, o Bardo é eterno e está mais atual do que nunca!
Beijos!
PS.: Michael Fassbender filmando Macbeth... Huuummmm... Será que o filme é alternativo e ele vai aparecer peladão? kkkkkkk Aguenta, coração!!!!!!!! kkkkkkk Aguardo ansiosa! kkkkkkk
Ah, eu amo William Shakespeare !!! Ele é sensacional em seus escritos e tem-se de ter substância para lidar com ele em cinema e teatro !!! Uma postagem linda e muito cativante e charmosa, querida !!! Peninha sua pouca simpatia pelos amantes mortos !!!
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