Ciao!!!
Não sei se acontece com todo mundo, mas com
esta leitora compulsiva (e blogueira por tabela) é comum: bater o olho na capa
de um livro e, sem precisar de mais informação, decidir que quer ler. Que
precisa ler.
Por algumas razões vistas na capa, eu sabia
que este livro me interessaria e que eu gostaria de ler.
Bingo, intuição literária, ponto para você!
Leonardo
Astrólogo: O jogo de símbolos na Santa Ceia – Pedro Tornaghi – Bertrand Brasil
(2014)
(2014)
“ - Em verdade, eu vos digo,
um de vós me traiu”.
O anúncio de Jesus caiu como
uma bomba e seus 12 apóstolos reagiram prontamente.
CLIC. Foi como se Leonardo
da Vinci tivesse congelado a reação de cada um deles à notícia. E para retratá-los buscou referência nos
perfis de cada um dos 12 signos do zodíaco, como se todas as representações possíveis
de temperamentos, personalidades humanas coubessem neste universo, daquela
ceia, que seria a última.
Este lançamento de fevereiro da Bertrand Brasil,
me atrai por dois motivos. O primeiro, óbvio, Leonardo da Vinci, que é um dos
meus musos inspiradores. Por isso, existem várias referências a ele no Literatura de Mulherzinha.
Desde o badalado Código da Vinci,
que também elabora uma teoria envolvendo
o quadro, até o A vida secreta de Mona Lisa,
que se dedicou a entender a personagem retratada pelo mestre renascentista.
O segundo motivo é que a
Astrologia me interessa. Gosto dos perfis que são traçados a partir das
características de cada signo – nada da previsão generalista de jornais. É uma
forma encontrada – dentre outras tantas – para tentar catalogar e explicar este
universo formado pelas possibilidades de manifestação de humanidade. Sem contar
que, em alguns casos, é uma forma ótima de engrenar uma conversa. Ou como gosto
de usar no Literatura de Mulherzinha, critério para justificar porque gostei ou
não de um livro ou de personagem (blogueira escorpiana mal humorada, chatinha e
exigente com um ascendente geminiano falador e prolixo).
Então, se você for como eu,
o livro é um parque de diversões. O autor realizou uma extensa pesquisa para
justificar os argumentos. Ele detalha os aspectos citando desde a trajetória de
vida de cada apóstolo, o comportamento deles explicado sob o viés da personalidade
astrológica, elementos simbólicos relacionados a ele (independente de estarem
citados explicitamente no quadro). E isso nos leva a descobertas interessantes –
eu já tinha lido antes sob o simbolismo da águia, mas não sabia nada sobre o do
cavalo e nem poderia imaginar tanto significado no sal. Outro detalhe é quanta
análise pode ser possível a partir da forma como as mãos de cada um foram
retratadas - tanto que isso é a análise básica que perpassa todos os capítulos:
os mais expansivos, os mais reticentes, os mais vaidosos, os mais meticulosos,
os mais cautelosos, os mais agressivos.
Um dos pontos interessantes que
ele destaca é a divisão dos 12 signos em seis eixos formados pelos signos
opostos e complementares - e que estão em lados opostos da
mesa: Áries-Libra; Touro-Escorpião; Gêmeos-Sagitário; Câncer-Capricórnio;
Leão-Aquário e Virgem-Peixes. E mostra o que um pode aprender com o seu
complemento (signos do ar com fogo e signos da água com terra). Outro, que eu
nunca havia pensado, é no quanto um signo “herda” do seu antecessor e “passa”
ao seu sucessor. Em determinado ponto (creio que no capítulo de Aquário) ele
cita que as soluções para o erro do signo estão sempre no perfil daquele que o
antecedem. Achei algo a ser observado.
Para você identificar os
apóstolos, da direita para a esquerda (forma como Leonardo escrevia): Simão
(Áries), Judas Tadeu (Touro), Mateus (Gêmeos), Filipe (Câncer), Tiago Menor
(Leão), Tomé (Virgem), João (Libra), Judas Iscariotes (Escorpião), Pedro
(Sagitário), André (Capricórnio), Tiago Maior (Aquário) e Bartolomeu (Peixes). Todos
foram divididos em trios, que representam os quadrantes clássicos da
Astrologia, sendo que Cristo separa os seis primeiros, que revelam atitudes
mais individuais, dos seis últimos que demonstram características mais
coletivas e universais. A forma como a luz é distribuída, o quanto e quais
partes dos corpos dos apóstolos estão iluminados ou na sombra, as cores, se
eram jovens ou velhos, tudo isso é ressaltado pelo autor, formando um conjunto onde
todos os detalhes fazem diferenças.
Não vou detalhar coisas que
li, porque o livro tem 626 páginas e eu preciso publicar um texto que vocês
leiam até o final, portanto, me permitam apenas um último comentário. Durante
diversos momentos na leitura, aquele lado cético da escorpiana, turbinada pelo
geminiano em modo menos festeiro, ficou pensando: “Mas será que Leonardo da Vinci pensou mesmo em TUDO isso ao realizar
este mural por encomenda em Milão?” e “O
quanto está mesmo ali ou quanto é o que a gente quer que esteja ali?”.
Bem, Leonardo era um homem à
frente do tempo, com uma capacidade absurda de aprendizado em áreas diferentes:
artes, músicas, engenharia, anatomia, cabia de tudo na cabeça dele. Nada mais
natural que ele mesclasse – ou camuflasse – diferentes referências dentro de
uma obra que seria vista por diferentes pessoas. Se foram todas as citadas
neste livro (e provavelmente ainda deve ter outras lá, vide a teoria citada em Código da Vinci),
não sei. Afinal de contas, nenhum de nós estava lá trocando ideia com ele. “Não,
Leonardo, acho que você não deveria usar aquele tom de azul ali. Vai
descascar...”
O fato é que uma obra sempre
é aberta, por mais que o artista passe por todo um processo mental e criativo
que resulte no trabalho, cada um a enxerga como bem entende, a partir de um
repertório formado por tudo que a pessoa viveu, apreendeu e se interessou ao
longo da vida. Ou seja, enquanto buscamos por uma verdade, que não será
absoluta, nada contra aprender no caminho, né?
Links: site da editora e blog do autor do livro.
Bacci!!!
Beta
Muito boa e bem humorada a resenha. Agora fiquei ainda mais ansiosa para ler o livro, sou seguidora entusiasmada da Fan Page do Pedro Tornaghi no feice e todo dia aprendo coisas edificantes e sábias lá, imagino onde pode chegar um livro que junta a inspiração dele com a do Da Vinci.
ResponderExcluirZeus, uma postagem muitíssimo interessante sobre um romance muitíssimo e muitíssimo interessante. Eu sinto admiração antiga eterna por Leonardo da Vinci. Eu tenho queda eterna natural por astrologia. Portanto eu adoraria poder ir à uma livraria imediatamente para comprar um exemplar desse romance para poder saber como seu autor chegou à essas conclusões analíticas. Parabéns pela postagem excelente !!!
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