Ciao!!!
“Vocês
não fazem ideia do quanto as coisas podem mudar rápido. Vocês não fazem ideia
de como, de repente, os anos podem passar e as vidas podem terminar.
A
ignorância não traz felicidade. Felicidade é saber o significado total do que
recebeu”. (p.17)
Querido David Levithan,
Você não me conhece e eu
conheço apenas o que você escreve.
Mas eu amo a forma como você transforma palavras em sentimentos.
Mas eu amo a forma como você transforma palavras em sentimentos.
Obrigada por, mesmo sem saber, abrir o Abril Imperdível #LdM10anos. Não poderia pedir por início melhor, emocionante, poético e profundo.
Beta, leitora compulsiva e blogueira tiete.
ps.: E te reencontro na lista de melhores do ano ;).
Dois
garotos se beijando – David Levithan – Galera Record
(Two boys kissing - 2013)
Personagens: Dois garotos se
beijando e um universo enorme ao redor deles
Craig e Harry se beijam no
pátio da escola. Amigos apoiam. Outros tentam entender o motivo de uma
demonstração pública de afeto. E alguns simplesmente não escondem seu desagrado.
Enquanto isso, Cooper não se entende, não sabe como lidar com a rejeição dos
pais e nem com a raiva que sente do mundo. Neil e Peter parecem perfeitos um
para o outro, apesar de ainda precisarem lidar com algumas diferenças. Ryan e
Avery ainda estão nos primeiros momentos do encantamento de se conhecerem. Todos
tentando apenas existirem em um mundo que não demonstra respeito por eles serem
quem são.
Comentários:
“You must remember this
a kiss is still a kiss
A sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by”
- Um beijo é apenas um beijo. Mas pode ser tão mais que isso. Pode ser convenção, educação, afeto, traição, necessidade, agressão, protesto, proteção, paixão, amor. Inspirado em fatos e dores reais, “Dois garotos se beijando”, ao abordar o amplo universo dos jovens lidando com a descoberta
pessoal e às vezes pública do fato de que gostam de outros homens, David
Levithan fala sobre algo além: o ser humano. Ele consegue pegar a gente pela mão
e, ao usar um particular – com o qual você não precisa ser ou pertencer para
entender (dependendo da capacidade e interesse em se colocar no lugar do outro)
–, fala em alto e bom som sobre o universal.
“- Espero que um esteja passando AIDS pro
outro – o ouvinte diz para o apresentador da rádio. – Espero que, quando
estiverem morrendo de AIDS, também mostrem na internet, pra que as crianças
saibam o que acontece se você beijar assim.
O
apresentador ri e chama o ouvinte seguinte” (p.145)
- Dois garotos decidem
protestar contra a agressão sofrida por Tariq, outro adolescente gay que eles
nem eram próximos – mas se identificaram. Para isso, decidem entrar para o
Guiness Book com um beijo de 32 horas 12 minutos e 10 segundos e fazendo isso
publicamente no pátio da escola onde estudam. Ao mesmo tempo, acompanhamos como
o ato afeta direta e indiretamente pessoas ligadas a ele. Começando pelos próprios
Craig e Harry, que foram namorados e são amigos que se amam. O quanto você
precisa confiar em uma pessoa para se expor desta maneira porque outras pessoas
vão ver um momento íntimo tornado público com um propósito. A jornada será
longa, desgastante, poderá fortalecê-los, mas antes irá exigir que enfrentem
momentos de vulnerabilidade, sofrimento físico e mental, convicções que serão
abaladas, abandonadas e reconstruídas.
“Você cresce. Sua vida se amplia. E você não pode esperar que só o amor
de seu companheiro o preencha. Sempre vai haver espaço para outras coisas, e
este espaço não fica vazio, mas é preenchido por outro elemento”
(p.200-201)
- Os melhores amigos, que
apoiam, os desconhecidos que se identificam com os dois garotos se beijando,
aqueles que são contrários e querem deixar isso bem claro, os bullies que não vão perder a chance de
tentar estragar o momento. A reação dos pais e irmãos, que podem surpreender –
para bem e para mal. A atração que recebem da imprensa e de várias pessoas no mundo, que falam sobre eles, mas não podem ouvir o que os dois têm a dizer porque eles não podem e não querem interromper o beijo antes da meta.
“Mas
às vezes, às vezes ela ainda estava lá. A magia que tínhamos criado permanecia.
Talvez até crescesse à luz do dia. Porque, se pudesse ser parte de nosso dia,
isso significava que podia ser parte de nossas vidas. E, se podia ser parte das
nossas vidas, era uma magia que valia muitos riscos e saltos” (p. 53)
- E paralelo ao beijo,
várias outras histórias desenrolam. Peter e Neil, adolescentes que já estão em onde um deles ainda
busca o conforto de ser aceito por ser quem é. Cooper, que não se entendeu,
está na busca, talvez por caminhos mais tortos e, ao cometer uma falha e ser
exposto, se depara com uma raiva incontrolável e toma decisões extremas. Ryan,
o garoto de cabelo azul, encontra Avery, o menino de cabelo rosa, em um baile e
começam o mágico processo dos primeiros encontros.
“Vocês nunca vão esquecer como é
esta sensação, essa esperança. Sim nós poderíamos falar com vocês por dias sem
fim sobre todos os primeiros encontros ruins. Eles são histórias. São histórias
engraçadas. Histórias constrangedoras. Histórias que amamos compartilhar,
porque, ao compartilhá-las, tiramos alguma coisa da uma ou duas horas que
gastamos com a pessoa errada. Mas isso é tudo que os primeiros encontros ruins
são: historinhas. São primeiros capítulos. Em um primeiro encontro bom, tudo é
primavera.
E quando um primeiro
encontro bom vira um relacionamento bom, a primavera perdura. Mesmo depois que
acaba, ainda pode haver primavera” (p.39)
- Histórias costuradas pelo
beijo de dois garotos e pela narração de vozes que sabem e entendem tudo o que
eles passaram. Ao contrário de Garoto encontra Garoto, onde ele cria uma realidade onde os diferentes convivem em normalidade, aqui a narrativa é bonita e melancólica por se tratar de um mundo onde isso não é possível. As vozes compreendem a confusão, o sofrimento e cada pequeno
momento que se torna uma recordação valiosa. Vozes que foram sacrificadas de
forma prematura, brutal e que torcem para que outros vivam o que elas não
tiveram chance (o que me lembrou deste livro). Vozes que esperam por um mundo melhor neste milagre que aquece
nossas esperanças a que convencionamos chamar de futuro.
E saibam que guardarei as
cinco últimas linhas deste livro com afeto. Não vou contar quais são, porque
elas fecham toda uma jornada. Com direito a escrever na capa das agendas, espalhar
em post-its naquele mural que há séculos prometo montar com fotos e ímãs na
parede do quarto, para que sempre possa ler e me lembrar de nunca esquecê-las.
Links: Goodreads livro Inglês e
Português e autor; site oficial; outros livros de David Levithan no Literatura de Mulherzinha .
Arrivederci!!!
Beta
Ora, eu tenho ficado impressionada um pouquinho, para ficar muito indignada em seguida, ao ver que existem tantas pessoas que julgam-se com direito de espezinhar e maltratar homossexuais por serem diferentes, por serem homens que amam homens e mulheres que amam mulheres. Eu sequer posso imaginar corretamente seu sofrimento desde sua descoberta de sua condição até sua morte, seja quando for.
ResponderExcluirLouca para ler esse livro!!!!!!! Parece uma história maravilhosa!
ResponderExcluirAcredito que as pessoas devam correr atrás da sua felicidade sempre, pois a vida é uma só. E a sociedade deveria buscar sempre a paz, a solidariedade ao invés de tanto preconceito e ódio. Jesus nos ensinou a amar o próximo e é uma das lições mais belas que existem. É tão mais fácil, mais simples procurar fazer o bem, que eu jamais conseguirei compreender porque as pessoas insistem em destruir, em maltratar umas às outras.
Bjs!