Ciao!!!
Pensem
em um ser humano quicante de felicidade.
Pois é, fui eu quando F-I-N-A-L-M-E-N-T-E!!! consegui
colocar as mãos neste livro. Rolou abraço apaixonado, sentir o cheiro, folear
com reverência. Há anos eu estou atrás desta biografia, mas a gente sempre se desencontrou.
Para vocês terem ideia, ele era o #1 na minha “Lista dos Desejos”.
Agora finalmente
ele saiu da lista e terá lugar cativo e bem amado na minha futura estante.
*** Texto originalmente escrito pro Livrólogos, que a Rosana gentilmente permitiu que fosse publicado no Literatura de Mulherzinha. Obrigada, Rô! ***
*** Texto originalmente escrito pro Livrólogos, que a Rosana gentilmente permitiu que fosse publicado no Literatura de Mulherzinha. Obrigada, Rô! ***
Renato Russo: o filho da revolução –
Carlos Marcelo – Planeta
(2016)
Parece
que foi ontem que eu tentei aprender a cantar músicas da Legião Urbana ouvindo o
rádio. E parece que foi há cinco minutos que recebi a notícia que Renato tinha morrido
(sim, sei onde estava, o que estava fazendo e nunca esqueci a data). Afinal de
contas, sou – e sempre serei – uma Legionária em treinamento (podem ter
certeza, tem gente em estágios muito mais avançados que eu).
Na versão
revista e ampliada, Carlos Marcelo inclui relatos de livros e outros materiais
publicados depois da primeira edição, em 2009. A mais completa biografia não
trata apenas de Renato Russo, mas de todo um período onde talentos de
diferentes origens explodiram em Brasília. Um fenômeno que surgiu entre os
filhos de classe média, de funcionários públicos, diplomatas, que tinham (e
também buscaram) influências em outros países, especialmente no cenário musical
Inglês. Da convergência do que apreenderam, do repertório pessoal, da forma de
sentir, ver e se expressar sobre a vida, as pessoas, o cenário do país naquela
Brasília durante a ditadura e a abertura política.
“Metade do que acho legal de escrever letra de música e de escrever para a Legião é inventar meu pequeno universo” (Entrevista ao Estado de São Paulo, 1995)
Muito já foi dito a respeito
de Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo.
Por quem o conhecia, por quem não o conheceu, por quem tinha certeza de
entendê-lo através das músicas que ele deixou. A biografia conta esta história
por meio de diferentes vozes, personagens, pesquisas, referências. Contextualizou
a trajetória pessoal, relacionando com a cidade que se tornou a base dele na
vida: Brasília, o sonho no cerrado construído por Juscelino e que passou anos
procurando por uma identidade (ou até mesmo como é comentado no livro –
procurando por uma alma).
Neste processo, surgiram
bandas que nos colocam para cantar e dançar até hoje. Paralamas, Capital
Inicial, Plebe Rude. Todos, à sua maneira, foram testemunhas deste tempo e
transformando e criando uma cara para o rock brasileiro distinta de tudo que
foi feito antes. E se tornando a referência.
E neste contexto, nasceu Legião
Urbana. Aquela que, como dizia o lema, a todos venceria.
“- Renato, você fica repetindo o tempo
inteiro ‘A Legião são vocês, a Legião são vocês”. Mas, se é isso mesmo, por que
você não atende nenhum pedido de música durante os shows?
Impertubável, Renato
esclarece:
- A Legião são os fãs. Mas as
músicas e os shows são meus”.
Da cabeça, dos sentimentos e
das mãos de Renato surgiram músicas que falavam de uma geração, de uma
juventude que queria romper com o mundo que a restringia, de experiências com
drogas, de amor, de tristeza, de alegria, de rompimentos, de depressão, de
sonhos, de frustrações.
Uma trajetória que abarca qualquer um que se identifique com um verso, um refrão ou com uma música do primeiro ao último acorde. As pessoas entravam em catarse, os shows saíam de controle.
Era como se alguém colocasse voz e palavras naquilo que estava preso no nosso peito, martelando na nossa cabeça, engasgado na garganta – e eu, modestamente, acho que justamente esta identificação é o fator que fez a Legião Urbana derrotar inclusive o mais implacável de todos os rivais: o tempo.
As pessoas não deixam as músicas caírem no esquecimento e passam uns para os outros como se elas tivessem acabado de tocar pela primeira vez
Uma trajetória que abarca qualquer um que se identifique com um verso, um refrão ou com uma música do primeiro ao último acorde. As pessoas entravam em catarse, os shows saíam de controle.
Era como se alguém colocasse voz e palavras naquilo que estava preso no nosso peito, martelando na nossa cabeça, engasgado na garganta – e eu, modestamente, acho que justamente esta identificação é o fator que fez a Legião Urbana derrotar inclusive o mais implacável de todos os rivais: o tempo.
As pessoas não deixam as músicas caírem no esquecimento e passam uns para os outros como se elas tivessem acabado de tocar pela primeira vez
(Ah, caso não tenha dado pra perceber, sou um caso perdido em se tratando deles,
ok? Eu usei Faroeste Caboclo em uma
aula – tenho testemunhas. E neste ano tive a chance de dizer isso por telefone ao Marcelo Bonfá no encerramento de uma entrevista, em um daqueles momentos em que a jornalista
deu voz à fã).
A biografia compensou toda a
expectativa que eu tinha a respeito. Conseguiu reconstruir – e me colocar – na
jornada de um homem extremamente intenso, sensível e inteligente. Que tinha uma
visão apurada de um mundo que o deixava deprimido, mas, ainda assim, encontrava
lampejos de poesia nele e compartilhava conosco.
Não é nada fácil deixar o emocional tão exposto em seus auges e decadências, forças e vícios, mesmo que por trás de metáforas, frases e palavras criadas a partir de uma base melódica.
Não devia ser fácil ser Renato Russo, o livro deixa isso bem claro. Não é endeusar, nem atirar pedra, é encontrar o valor de uma vida que acabou de forma precoce, mas deixou uma obra consistente que nos emociona não importa quando e onde.
Não é nada fácil deixar o emocional tão exposto em seus auges e decadências, forças e vícios, mesmo que por trás de metáforas, frases e palavras criadas a partir de uma base melódica.
Não devia ser fácil ser Renato Russo, o livro deixa isso bem claro. Não é endeusar, nem atirar pedra, é encontrar o valor de uma vida que acabou de forma precoce, mas deixou uma obra consistente que nos emociona não importa quando e onde.
Se você se interessa por
Renato, por Legião e por este momento, pegue esta biografia, siga uma adaptação da sugestão
que está no encarte de O descobrimento
do Brasil: “Leia no volume máximo!”
-
Links: Goodreads livro e autor;
Renato Russo;
matéria no UOL;
Skoob;
site da Legião Urbana.
Bacci!!!
Um trecho de uma de suas canções ficou tocando repetidamente em minha mente enquanto eu lia sua postagem, que foi envolvente e ótima por sinal. Eu percebi que haveria uma postagem apaixonada quando eu li seu comentário sobre você ser uma legionária e ter casos em estágios ainda mais avançados que seu caso (o que não aplica-se a mim, apesar de tudo). Eu tinha razão: foi uma postagem apaixonada mesmo !!!
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